quarta-feira, 14 de outubro de 2009


CRÔNICA


UMA CARTA PARA ELIAS
Por: Marcos Moreira

Meu caro Elias, o show da Ternurinha...

Olá meu amigo, venho através desta esboçar a satisfação que tive ao comparecer a um espetáculo que ocorreu recentemente em minha cidade, creio que já tenha ouvido falar em Ternurinha? Ou como alguns chamam Wanderléia. Bom, esta mesma a diva da Jovem Guarda cantou para mim, não só para mim é claro, mas confesso que me deleitei com a nostalgia daquelas musicas como se eu fosse o único além dela.
Tudo começou quando fui ao cabeleireiro como de praxe fazer o mesmo corte de sempre, e assim que cheguei tive uma longa espera até sentir o toque da navalha, mas neste ínterim me deparei com uns jornais jogados numa poltrona que ao ler, observo.
“Wanderléia a eterna ternurinha in concert em Goiânia”
Logo fui verificar a data, pensando que a matéria já poderia ser ultrapassada, mas não, pra minha infinita sorte além de não ter passado, o show era neste mesmo dia e o melhor de tudo era de graça! Não deu outra, na hora me lembrei de você e de mais dois amigos meus, Salus e Leandro, como não poderia te convidar resolvi chamar os dois, porém o primeiro como bom anfitrião que é não pôde deixar em casa suas visitas, e o segundo nem retorno deu à mensagem de celular, provavelmente estava atravancado.
E ai Elias, estava eu sem companhia, mas com muita vontade de ir ver a tal Wanderléia, e assim que o cabelo “ficou pronto” lá vou eu para onde seria realizado o show. Ao chegar próximo do lugar já avistei o excesso de veículos, estacionado o neném (carro) parto em busca do local, mas primeiro tive que passar num banheiro para verificar se estava a altura para ver a Ternurinha. Cabelo arrumado parecia que eu tinha penteado com Denorex, quando em fim pronto, cheguei lá e avistei a multidão, de longe vi uma loura num belo vestido cinza e com os cabelos alvoroçados cantando: “Foi assim eu vi você passar por mim e quando para você eu olhei logo me apaixonei” aí já sabia que estava no lugar certo.
Elias a ti te digo que senti uma emoção sem igual a me ver ao lado de um tanto de velhinhas e eu ali igual a elas com o mesmo brilho nos olhos ouvindo as músicas que marcaram o passado de tantas pessoas, mas eu não era o único jovem, deu para ver mais uma meia dúzia de gatos pingados por lá com o mesmo contentamento que eu.
Será que reencarnação existe? Bom eu não sei, mas se existir devo ter vivido essa época e ter gostado muito, pois não consigo me adaptar como gostaria ao mundo atual. Haa e nem me lembrei de minha denominação ao vê-la cantar “Nossa Senhora”, cantei junto e até gesticulei, numa de suas pausas eu dou um grito bem forte “Eu já nem sei” e confirmei “Eu já nem sei” não deu para escutar, bom Wanderléia não, mas as pessoas do meu lado escutaram sim e sorriram também.
Mas meu amigo, como sou muito sortudo logo mais adiante ela cantou a minha canção preferida “Já nem sei” aí sim quase fui ao delírio.
Parte engraçada do show foi ver uma senhoria bem de idade acompanhando bem de perto e cantando todas as melodias, e com uma voz forte e estridente a velhinha grita.
__Canta minha música, Canta minha música!!
__ Estúpido cupido!! Celly Campello te acompanho há muitos anos Celly te adoroo!!!
Grita a velhinha já não sabendo mais diferenciar as cantoras da Jovem Guarda, eu não segurei o riso caí na gargalhada, mas sem que me notasse, afinal era tudo música antiga mesmo, ela tinha todo direito de ouvir “Estúpido Cupido”.(rs)
Bom tudo correu bem, mesmo após esquecer toda a letra da música “Detalhes” Wanderléia foi aplaudida pelo publico, e ao terminar o show Wanderléia canta “Pare o casamento” um de seus maiores sucessos a platéia vibrou junto. Acabou e eu preciso lógico de uma lembrança fora da que ficaria na mente, uma foto! Aí pus para fora meu lado tiete que havida deixado de lado já tinha um tempim, aí subi logo no palco e tentei ir atrás da cantora, xii, mas fui barrado e obrigado a descer na hora, foi quando fiquei irritado, porém tranqüilo, voltei pra onde estava e me contive, porém quando o sacripanda deu uma volta eu adentrei no palco e fui para o outro lado, infiltrei na fila de quem iria tirar foto (só quem comprasse o CD de 30,00 R$, e eu apenas com 5,00 R$ no bolso) mas daí em diante foi tudo maravilha, cheguei lá
Saudei-a atenciosamente e demonstrei com meu abraço e beijo a alegria que estava ao conhecê-la pessoalmente e disse:
__ é uma honra de ver Wanderléia sou teu fã!!
e comecei a cantar uma de minhas canções preferida. Aí meu caro eu tirei a foto (que não ficou das melhores) e me despedi com um beijo em suas mãos dizendo
__ até mais!!
Sabe-se Deus quando irei ver Wanderléia novamente assim tão perto, isso é se algum dia vou voltar a vê-la, mas quem sabe?
Bom amigo daí fui embora, cantarolando as músicas dela, e pensando que bom que resolvi cortar o cabelo neste dia. Sem mais delongas vou ficando por aqui e volto a
Escrever-lhe assim que acontecer alguma novidade, grande abraço e até mais.

Atenciosamente
Marcos Moreira

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Frases


Por: Marcos Moreira

A solidão faz a gente mergulhar em nós mesmos e desvendamos que somos capazes de
surpreendentes atos, quando descobrimos as dantescas coisas que temos e que SOMOS!



"Quando eu quero chorar, Choro! Quando quero cantar, Eu canto, Quando quero esquecer EU Consigo!


"
Não pergunte a Deus quando teu sol irá brilhar, pergunte a mesmo quando vc vai abrir a janela. O Sol está lá fora, abra e veja! "


"Em fase de reforma, me reconstruindo, catando os cacos que deixei cair ao logo do caminho.

"Não sou o que você quer.. mas posso ser o que você precisa."

"
É melhor estar em um conflito por uma mudança do que viver a calmaria de uma mesmice"

MM

quarta-feira, 1 de julho de 2009


Comentário 


Escolhas!!!

Você escolhe, ou lê isso ou não lê... A escolha é sua

Noite Escuras...

 

Ha se pudéssemos prevê o futuro, será que evitaríamos tantos erros?

Talvez sim, mas ia ser muito complicado viver hoje sabendo o que irá acontecer amanhã porém seria uma facilidade para agendar os horários e os compromissos, tipo;

__ Há  infelizmente eu não vou poder ir porque meia hora antes da hora marcada, meu carro vai estragar e não chegarei a tempo. bom acho que é melhor como está..

Contudo ao menos ter certeza de algumas escolhas que fazemos, seria bom se tivéssemos, um mero palpite! Que tais escolhas foram as corretas. Escolhas que quando feitas jamais podem voltar atrás.

Eu vivo fazendo escolhas, desde ao acordar escolho a hora de levantar (isso quando posso) escolho a roupa a ser usada, se penteio o cabelo ou se uso boné, se uso calça ou bermuda, regata ou camiseta e depois passo a decidir se bebo café ou leite, pra comer nem sempre tenho muita escolha, afinal são sempre pães de queijo ou pão Francês (não muito saborosos) daí em diante segue-se todo um dia, toda uma história marcada por várias escolhas que serão produzidas minuto após minutos, mas eu não me refiro a escolhas simples como estas, afinal as conseqüências que vou ter ao decidir vestir calça ou bermuda não serão tão devastadoras assim na minha vida (não sou tão dramático) +  digo sim de escolhas que fizemos, que fazemos e que faremos, escolhas que  podem mudar toda uma vida, todo contexto de uma pessoa.

Todos os dias fazemos diversas escolhas, escolhas que só as vezes só refletem em nossas vidas a longo prazo, escolhas estas simples imperceptíveis, ou escolhas estrondosas que irão nos marcar para sempre, geralmente as escolhas são advindas de necessidades que temos em tomar certa atitude em escolher algo, se tenho a necessidade de comer escolho sair de onde estou e procurar algo para levar para meu estomago, certas escolhas são automáticas, feitas pelo subconsciente as vezes nem queremos agir de tal maneira mas o fazemos pela rotina ou porque subconscientemente sabemos que é a melhor coisa a ser feita. Somos nós que escolhemos sorrir ou chorar, perder ou ganhar, viver ou deixar a vida passar sem tomar nossas escolhas. 

Bom acho que não sei de nada, não sei mesmo. Espero que daqui uns anos saiba dizer de maneira correta sobre minhas escolhas  até lá,  quem sabe eu tenha feito a escolha certa? E se não tiver feito também vou saber responder onde foi que minha escolha errada me levou.


Publicar isso foi uma escolha, você ter lido também, pense bem no que vai escolher fazer daqui pra frente, tá?

MM

quinta-feira, 28 de maio de 2009


Poema



Virou Saudade


Saudade é... Sentir sua falta antes mesmo de te deixar 

Saudade, é Dar-lhe um longo abraço como medo dele logo se acabar

... Ouvir sua música preferida sem você do meu lado

... Passar horas vendo suas fotos relembrando de como éramos felizes

... Crer que fizemos dos pequenos instantes juntos, momentos inesquecíveis. 

Saudade é... Lembrar que a falta de dinheiro não nos impediu de sermos felizes tomando um simples sorvete 

É Chegar tarde das farras com os amigos e passar horas e horas conversando o que já estamos cansados de saber um do outro 

É Ouvir o mundo gritar que fomos feitos um para o outro e mesmo assim duvidar se ele está certo 

Saudade, é Tentar corrigir os erros do passado, buscando possíveis soluções para o presente, na tentativa de preparar um futuro melhor.

Saudade é... Sorrir sozinho das palhaçadas que já fizemos juntos e depois chorar em silêncio por algo que virou passado 

Por fim...

Saudade é... Fazer acreditar que você está aqui, mesmo você estando tão longe...

É fechar os olhos e saber que tudo o que vivemos se transformou nisso, isso que simplesmente se chama Saudade!  É virou Saudade! 

Marcos Moreira

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Contos 
A MÁSCARA DA MORTE ESCARLATE

A "Morte Escarlate" havia muito devastava o país. Jamais se viu peste tão fatal ou tão hedionda. O sangue era sua revelação e sua marca – a cor vermelha e o horror do sangue. Surgia com dores agudas e súbita tontura, seguidas de profuso sangramento pelos poros, e então a morte. As manchas rubras no corpo e principalmente no rosto da vítima eram o estigma da peste que a privava da ajuda e compaixão dos semelhantes. E entre o aparecimento, a evolução e o fim da doença não se passava mais de meia hora.
Mas o príncipe Próspero era feliz, destemido e astuto. Quando a população de seus domínios se reduziu à metade, mandou vir à sua presença um milhar de amigos sadios e divertidos dentre os cavalheiros e damas da corte e com eles retirou-se, em total reclusão, para um dos seus mosteiros encastelados. Era uma construção imensa e magnífica, criação do gosto excêntrico, mas grandioso do próprio príncipe. Circundava-a a muralha forte e muito alta, com portas de ferro. Depois de entrarem, os cortesãos trouxeram fornalhas e grandes martelos para soldar os ferrolhos. Resolveram não permitir qualquer meio de entrada ou saída aos súbitos impulsos de desespero do que estavam fora ou aos furores do que estavam dentro. O mosteiro dispunha de amplas provisões. Com essas precauções, os cortesãos podiam desafiar o contágio. O mundo externo que cuidasse de si mesmo. Nesse meio-tempo era tolice atormentar-se ou pensar nisso. O príncipe havia providenciado toda a espécie de divertimentos. Havia bufões, improvisadores, dançarinos, músicos, Beleza, vinho. Lá dentro, tudo isso mais segurança. Lá fora, a "Morte Escarlate".
Lá pelo final do quinto ou sexto mês de reclusão, enquanto a peste grassava mais furiosamente lá fora, o príncipe Próspero brindou os mil amigos com um magnífico baile de máscaras.
Era um espetáculo voluptuoso, aquela mascarada. Mas antes vou descrever onde ela aconteceu. Eram sete – um suíte imperial. Em muitos palácios, porém, essas suítes formam uma perspectiva longa e reta, quando as portas se abrem até se encostarem nas paredes de ambos os lados, de tal modo que a vista de toda essa sucessão é quase desimpedida. Ali, a situação era muito diferente, como se devia esperar da paixão do duque pelo fantástico. Os salões estavam dispostos de maneira tão irregular que os olhos só podiam abarcar pouco mais de cada um por vez. Havia um desvio abrupto a cada vinte ou trinta metros e, a cada desvio, um efeito novo. À direita e à esquerda, no meio de cada parede, uma alta e estreita janela gótica dava para um corredor fechado que acompanhava as curvas da suíte. A cor dos vitrais dessas janelas variava de acordo com a tonalidade dominante na decoração do salão para o qual se abriam. O da extremidade leste, por exemplo, era azul – e de um azul intenso eram suas janelas. No segundo salão os ornamentos e tapeçarias, assim como as vidraças, eram cor de púrpura. O Terceiro era inteiramente verde, e verdes também os caixilhos das janelas. O quarto estava mobiliado e iluminado com cor alaranjada – o quinto era branco, e o sexto, roxo. O sétimo salão estava todo coberto por tapeçarias de veludo negro, que pendiam do teto e pelas paredes, caindo em pesadas dobras sobre um tapete do mesmo material e tonalidade. Apenas nesse salão, porém, a cor das janelas deixava de corresponder à das decorações. AS vidraças, ali, eram escarlates – uma violenta cor de sangue.
Ora, em nenhum dos sete salões havia qualquer lâmpada ou candelabro, em meio à profusão de ornamentos de ouro espalhados por todos os cantos ou dependurados do teto. Nenhuma lâmpada ou vela iluminava o interior da seqüência de salões. Mas nos corredores que circundavam a suíte havia, diante de cada janela, um pesado tripé com um braseiro, que projetava seus raios pelos vitrais coloridos e, assim, iluminava brilhantemente a sala, produzindo grande número de efeitos vistosos e fantásticos. Mas no salão oeste, ou negro, o efeito do clarão de luz que jorrava sobre as cortinas escuras através das vidraças da cor do sangue era desagradável ao extremo e produzia uma expressão tão desvairada no semblante do que entravam que poucos no grupo sentiam ousadia bastante para ali penetrar.
Era também nesse apartamento que se achava, encostado à parede oeste, um gigantesco relógio de ébano. Seu pêndulo oscilava de um lado para o outro com um bater surdo, pesado, monótono; quando o ponteiro dos minutos completava o circuito do mostrador e o relógio ia dar as horas, de seus pulmões de bronze brotava um som claro e alto e grave e extremamente musical, mas em tom tão enfático e peculiar que, ao final de cada hora, os músicos da orquestra se viam obrigados a interromper momentaneamente a apresentação para escutar-lhe o som; com isso os dançarinos forçosamente tinham de parar as evoluções da valsa e, por um breve instante, todo o alegre grupo mostrava-se perturbado; enquanto ainda soavam os carrilhões do relógio, observava-se que os mais frívolos empalideciam e os mais velhos e serenos passavam a mão pela teste, como se estivessem num confuso devaneio ou meditação. Mas, assim que os ecos desapareciam interiormente, risinhos levianos logo se riam do próprio nervosismo e insensatez e, em sussurros, diziam uns aos outros que o próximo soar de horas não produziria neles a mesma emoção; mas, após um lapso de sessenta minutos (que abrangem três mil e seiscentos segundos do Tempo que voa), quando o relógio dava novamente as horas, acontecia a mesma perturbação e idênticos tremores e gestos de meditação de antes.
Apesar disso tudo, que festa alegre e magnífica! Os gosto do duque eram estranhos. Sabia combinar cores e efeitos. Menosprezando a mera decoração da moda, seus arranjos mostravam-se ousados e veementes, e suas idéias brilhavam com um esplendor bárbaro. Alguns podiam considerá-lo louco, sendo desmentidos por seus seguidores. Mas era preciso ouvi-lo, vê-lo e tocá-lo para convencer-se disso.
Para essa grande festa, ele próprio dirigiu, em grande parte, a ornamentação cambiante dos sete salões, e foi seu próprio gosto que inspirou as fantasias dos foliões. Claro que eram grotescas. Havia muito brilho, resplendor, malícia e fantasia – muito daquilo que foi visto depois no Hernani. Havia figuras fantásticas com membros e adornos que não combinavam. Havia caprichos delirantes como se tivessem sido modelados por um louco. Havia muito de beleza, muito de libertinagem e de extravagância, algo de terrível e um tanto daquilo que poderia despertar repulsa. De um ao outro, pelos sete salões, desfilava majestosamente, na verdade, uma multidão de sonhos. E eles – os sonhos – giravam sem parar, assumindo a cor de cada salão e fazendo com que a impetuosa música da orquestra parecesse o eco de seus passos. Daí a pouco soa o relógio de ébano colocado no salão de veludo. Então, por um momento, tudo se imobiliza e é tudo silêncio, menos a voz do relógio. Os sonhos se congelam como estão. Mas os ecos das batidas extinguem-se – duraram apenas um instante – e risos levianos, mal reprimidos, flutuam atrás dos ecos, à medida que vão morrendo. E logo a música cresce de novo, e os sonhos revivem e rodopiam mais alegremente que nunca, assumindo as cores das muitas janelas multicoloridas, através das quais fluem os raios luminosos dos tripés. Ao salão que fica a mais oeste de todos os sete, porém, nenhum dos mascarados se aventura agora; pois a noite está se aproximando do fim: ali flui uma luz mais vermelha pelos vitrais cor de sangue e o negror das cortinas escuras apavora; para aquele que pousa o pé no tapete negro, do relógio de ébano ali perto chega um clangor ensurdecido mais solene e enfático que aquele que atinge os ouvidos dos que se entregam às alegrias nos salões mais afastados.
Mas nesses outros salões cheios de gente batia febril o coração da vida. E o festim continuou em remoinhos até que, afinal, começou a soar meia-noite no relógio. Então a música cessou, como contei, as evoluções dos dançarinos se aquietaram, e, como antes, tudo ficou intranqüilamente imobilizado. Mas agora iriam ser doze as badaladas do relógio; e desse modo mais pensamentos talvez tenham se infiltrado, por mais tempo, nas meditações dos mais pensativos, entre aqueles que se divertiam. E assim também aconteceu, talvez, que, antes de os últimos ecos da última badalada terem mergulhado inteiramente no silêncio, muitos indivíduos na multidão puderam perceber a presença de uma figura mascarada que antes não chamara a atenção de ninguém. E, ao se espalhar em sussurros o rumor dessa nova presença, elevou-se aos poucos de todo o grupo um zumbido ou murmúrio que expressava a reprovação e surpresa – e, finalmente, terror, horror e repulsa.
Numa reunião de fantasmas como esta que pintei, pode-se muito bem supor que nenhuma aparência comum poderia causar tal sensação. Na verdade, a liberdade da mascarada dessa noite era praticamente ilimitada; mas a figura em questão ultrapassava o próprio Herodes, indo além dos limites até do indefinido decoro do príncipe. Existem cordas, nos corações dos mais indiferentes, que não podem ser tocadas sem emoção. Até para os totalmente insensíveis, para quem a vida e morte são alvo de igual gracejo, existem assuntos com os quais não se pode brincar. Na verdade, todo o grupo parecia agora sentir profundamente que na fantasia e no rosto do estranho não existia graça nem decoro. A figura era alta e esquálida, envolta do pés a cabeça em veste mortuárias. A máscara que escondia o rosto procurava assemelhar-se de tal forma com a expressão enrijecida de um cadáver que até mesmo o exame mais atento teria dificuldade em descobrir o engano. Tudo isso poderia ter sido tolerado, e até aprovado, pelos loucos participantes da festa, se o mascarado não tivesse ousado encarnar o tipo da Morte Escarlate. Seu vestuário estava borrifado de sangue – e sua alta testa, assim como o restante do rosto, salpicada com o horror escarlate.
Quando os olhos do príncipe Próspero pousaram nessa imagem espectral (que andava entre os convivas com movimentos lentos e solenes, como se quisesse manter-se à altura do papel), todos perceberam que ele foi assaltado por um forte estremecimento de terror ou repulsa, num primeiro momento, mas logo o seu semblante tornou-se vermelho de raiva.
- Quem ousa... – perguntou com voz rouca aos convivas que estavam perto – quem ousa nos insultar com essa caçoada blasfema? Peguem esse homem e tirem sua máscara, para sabermos quem será enforcado no alto dos muros, ao amanhecer!
O príncipe Próspero estava na sala leste, ou azul, ao dizer essas palavras. Elas ressoaram pelos sete salões, altas e claras, pois o príncipe era um homem ousado e robusto e a música se calara com um sinal de sua mão.
O príncipe achava-se no salão azul com um grupo de pálidos convivas ao seu lado. Assim que falou, houve um ligeiro movimento dessas pessoas na direção do intruso, que, naquele momento, estava bem ao alcance das mãos, e agora, com passos decididos e firmes, se aproximava do homem que tinha falado. Mas por causa de um certo temor sem nome, que a louca arrogância do mascarado havia inspirado em toda a multidão, não houve ninguém que estendesse a mão para detê-lo; de forma que, desimpedido , passou a um metro do príncipe e, enquanto a vasta multidão, como por um único impulso, se retraía do centro das salas para as paredes, ele continuou seu caminho sem deter-se, no mesmo passo solene e medido que o distinguira desde o inicio, passando do salão azul para o púrpura – do púrpura para o verde – do verde para o alaranjado – e desse ainda para o branco – e daí para o roxo, antes que se fizesse qualquer movimento decisivo para detê-lo. Foi então que o príncipe Próspero, louco de raiva e vergonha por sua momentânea covardia, correu apressadamente pelos seis salões, sem que ninguém o seguisse por causa do terror mortal que tomara conta de todos. Segurando bem alto um punhal desembainhado, aproximou-se, impetuosamente, até cerca de um metro do vulto que se afastava, quando este, ao atingir a extremidade do salão de veludo, virou-se subitamente e enfrentou seu perseguidor. Ouviu-se um grito agudo – e o punhal caiu cintilando no tapete negro, sobre o qual, no instante seguinte, tombou prostrado de morte o príncipe Próspero. Então, reunindo a coragem selvagem do desespero, um bando de convivas lançou-se imediatamente no apartamento negro e, agarrando o mascarado, cuja alta figura permanecia ereta e imóvel à sombra do relógio de ébano, soltou um grito de pavor indescritível, ao descobrir que, sob a mortalha e a máscara cadavérica, que agarravam com tamanha violência e grosseria, não havia qualquer forma palpável.
E então reconheceu-se a presença da Morte Escarlate. Viera como um ladrão na noite. E um a um foram caindo os foliões pelas salas orvalhadas de sangue, e cada um morreu na mesma posição de desespero em que tombou no chão. E a vida dorelógio de Ébano dissolveu-se junto com a vida do último dos dissolutos. E as chamas dos braseiros extinguiram-se. E o domínio ilimitado das Trevas, da Podridão e da Morte Escarlate estendeu-se sobre tudo.


Edgar Allan Poe.In: Histórias Extraordinárias.

sábado, 11 de abril de 2009

Reflexão

Quando o Sonho vira pesadelo













Por: Marcos Moreira


O Que te faz pensar quando você lê o termo “Sonho”? A primeira impressão é dos sonhos que temos ao dormir, ou dos deliciosos sonhos de padaria recheados de doce enfarinhados com açúcar de confeiteiro? Mas ao escrever sobre sonhos não estou querendo discorrer de nenhum destes dois, mas sim dos Sonhos que são projetos, metas que alguns colocam na cabeça até que se concretizem.
O que nos faz sonhar que um dia viveremos melhores e em situações mais cômodas, se a cada dia que passa o mundo peregrina para um abismo sem fim e sem volta? (Pessimista eu? Nem um pouco, rs) Talvez seja o otimismo, afinal em dia como estes que estamos vivemos é complexo habitar sem esta perspectiva de um futuro mais aprazível.
Eu tenho múltiplos sonhos em mente, sonhos profissionais, financeiros, amorosos dentre outros que não encaixa nestas áreas (rs) aposto que você que está lendo isso também tem muitos sonhos talvez até mais do que eu, talvez você sonhe com o homem de sua vida, ou com o carro dos sonhos, ou aquela mansão, ou mesmo que seja algo menor como ser promovido no emprego, conquistar a tão cobiçada moça, etc etc etc. Os sonhos para existirem independem de raça, religião, classe social, caráter dentre outras colocações que especificam os seres humanos, o que é fato é que todos buscam ou almejam por algo.
Quando crianças sonhamos em nos tornar marmanjos para poder fazer coisas de adultos, e quando chegamos a esta idade percebemos que passamos pela melhor fase da vida e nem aproveitamos tanto, quando crianças os sonhos nesta época são mas fáceis de serem conquistados; o Sonho da primeira bicicleta, do primeiro dente, do desejado videogame, sonhos que as vezes dependem apenas dos nossos pais para serem realizados, quando tudo isso passa a realidade passa a ser outra, e compreendemos que ao tornamos adultos os nossos sonhos dependem exclusivamente de nós mesmos para que eles se realizem.
Os sonhos também não têm fim, assim que realizamos um, logo após já queremos algo melhor, ou seja, já confeccionamos outro sonho, que a assim que se realizar será substituído por outro e assim consecutivamente. Mas será que os sonhos na acarretam uma certa ilusão para nossa vida? Será que eles apenas não nos iludem? Porque quando sonhamos por algo “impossível” somos obrigados a padecer por algo que jamais irá acontecer, embora quem disse que não podemos sonhar com o impossível, ou extravagante demais? Talvez precisássemos de um manual sobre a vida ao chegarmos ao mundo e que tivesse neste um guia do que se pode ou não sonhar, para que não cometamos o deslize de passar a vida toda à procura de algo que jamais será realidade.


No entanto como dizem, sonhar não paga imposto (talvez a única coisa aqui no Brasil né? rs). Então vamos sonhar e pelejar para conseguirmos realizar estes tão sonhados sonhos ou ao menos nós aproximar deles.





M.M

sexta-feira, 3 de abril de 2009


Reportagem




HOMOSSEXUAIS X ADOÇÃO

PRECONCEITO, DISCRIMINAÇÃO DEMORA E MEDO. ESSES SÃO ALGUNS DOS CAMINHOS QUE PODEM PASSAR OS HOMOSSEXUAIS QUE PRETENDEM TENTAR A ADOÇÃO. EM GOIÂNIA, O CASAL DE PROFESSORES RAFAEL E CRISTIANO CONSEGUIRAM HÁ UM ANO, A PRÉ ADOÇAO DO PEQUENO APARECIDO, DE SEIS ANOS. SEGUNDO O IBGE CERCA DE 200 MIL CRIANÇAS ESTÃO SEM FAMÍLIAS, NA LISTA PARA SEREM ADOTADAS.

Por: Marcos Moreira


Se para muitos ser diferente é ser normal, para outros não é bem assim, as diferenças podem ser algo tão simples porém muito complicado, quem nos mostra isso é o conceito que as pessoas têm de indivíduos que não correspondem aos respectivos padrões pré estabelecidos pela sociedade. O preconceito.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, (ECA) não faz qualquer referência contrária a adoção por casal homossexual, e estabelece que o mais importante seja o bem estar da criança. Ele define que a criança deve ser protegida com direito a educação, vida social e afeto. Para muitos o fato de uma criança ser adotada por homossexuais é um ato de desrespeito a criança, por que a mesma não poderia ser criada por duas figuras iguais.
Para o psicólogo Marcellos Couto de Mello, a imagem de pai e mãe são muito importantes para o crescimento saudável de uma pessoa, porém ele não descarta a possibilidade de que casais do mesmo sexo podem criar tão bem seu filhos, mesmo que adotados.
Segundo Couto que também é homossexual o modelo familiar mudou muito de alguns anos para a atual realidade. “Hoje família não é aquilo de pai, mãe, e filhos, atualmente o que se observa são pai e filhos, mãe e filhos, dois pais ou duas mães” avalia ele que também pretende adotar uma criança futuramente.
As dificuldades que Marcellos vai encontrar pela frente já são reconhecidas por ele, e diz que pelo motivo de sua sexualidade não poderia ter um filho biológico porque a criança acabaria ficando com a mãe. Acompanhar o crescimento, ajudar crianças que não possuem famílias, são alguns dos motivos que levaram o psicólogo a possível adoção. Para ele o fato de adotar não influenciaria a criança a rejeitá-lo no futuro, por que a mesma teria todo acompanhamento psicológico para que entendesse a situação. “Possibilidade de gerar traumas aconteceria também em crianças criadas por casais heterossexuais” diz o profissional.
Fatores culturais, sociais e religiosos são ainda paradigmas regidos pela sociedade. Para o Padre Nelson costa, da Catedral de Goiânia o ato de homossexualismo já se trata de uma prática errada, e afirma que a adoção seria algo mais pecaminoso ainda. “Prefiro não comentar, mas eu não concordo, de jeito nenhum” ressalta o religioso.
A jornalista Neila Santos pontua, que o mais importante não seria avaliar a questão se uma criança ser ou não criada por dois pais ou duas mães, e sim o fato de que elas precisam de uma família. “Com o número alarmante de crianças sem famílias, o melhor seria se essas fossem bem criadas e recebessem de seus pais, ou mães carinho e afeto” analisa Neila. Dados do IBGE mostram que cerca de 200 mil crianças e adolescentes não têm família, e estão na lista para adoção.
Para a assistente social do DEFAI (Departamento de fiscalização aos abrigos) Sandra Sousa, a adoção homossexual ainda é algo que não acontece, segundo ela o que ocorre nos abrigos são apadrinhamentos que possuem três tipos.
O primeiro é o apadrinhamento Afetivo, que acontece com o acompanhamento dos padrinhos nos finais de semana pela criança, O segundo trata-se de um apadrinhamento Prestador de Serviços que além de fazer visitas faz serviços voluntários nos abrigos. O ultimo é aquele que custeia os gastos das crianças, ajudando-os em alimentação, roupas e outros, este caracterizado como o Provedor.
A advogada Maria Helena que atua na AGLT (associação de gays lésbicas e transgêneros) Prestando apoio a toda classe homossexual, em questões médicas, psicológicas e jurídicas, acentua que não existe adoção em Goiânia, o que existe é a guarda de responsabilidade da criança, e já a adoção deveria constar no registro dela os respectivos nomes dos pais, sem proferir quem é pai e mãe.
Para ela além do preconceito da justiça e da própria sociedade outro fator que impede é a homofobia, porque se o casal provar que vive uma união estável, idônea, e tem capacidades para manter a criança eles poderiam adotar normalmente. “Para lei não existe diferença, na adoção, não pesa a questão da opção sexual, entretanto a realidade não é bem assim e a diferença é nítida”.
Um dos pontos que mais se questiona é sobre a influência que pais ou mães homossexuais podem dar a seu filhos, de acordo com o psicólogo Marcellos Couto, isso não é motivo para rejeição a adoção, pois casais heteros tem filhos homos, e não se trata de ter uma figura para determinar a opção sexual, pois ela acontece aos poucos variando do tempo e da pessoa.
Segundo ele os sofrimentos são inevitáveis e as crianças vão passar por isso, até mesmo porque a discriminação acontece não só com crianças que venham ter famílias homossexuais, mas também com crianças negras, deficientes, obesas e etc. contudo diz que se bem trabalhado, dialogado, acompanhando a criança, suprindo a carência com afeto e apoio psicológico, vai amenizar o sofrimento dela.
“É preferível que uma criança venha ser discriminada por ter um pai ou uma mãe homossexual do que passar a vida toda em um orfanato,” Marcellos Couto.
Adoção pré concedida em Goiânia

O casal de professores, Cristiano Françoso e Rafael Andrade, tiveram parte da adoção conseguida na justiça. Rafael conheceu Cristiano no Brasil e ambos foram para Chicago EUA cidade de origem de Cristiano, onde se mantiveram por algum tempo, retornando ao Brasil encontraram o menor A.C.P, hospedado na casa dos familiares de Rafael. O menor veio de uma família humildade de sete irmãos, morava com a família até então em condições precárias, sua mãe com problemas mentais e seu pai com a idade já avançada não garantiam seu futuro. Movido pela compaixão e pelo pedido do pai do garoto, o casal resolveu pegar a criança para criar, mas Rafael deixou claro que deveria ser de papel passado para não surgirem problemas, foram ao conselho tutelar onde o pai do menino passou a guarda de responsabilidade para Rafael.
Segundo o casal o que moveram eles a responsabilidade de criá-lo foi o ato de ajudar ao próximo, pois até então não havia despertado o desejo em ambos de serem pais. Para eles o preconceito não é barreira que não possa ser quebrada, e o remédio para tal ato de desrespeito é simples



Amor, o amor transpõe qualquer discriminação ou preconceito” Rafael Andrade


A fase de adoção não é simples por isso o casal está registrando o menor apenas no nome de um, e também pelo fato de que o outro não é brasileiro o que seria mais complicado. De acordo com o casal há um atraso na cultura Brasileira e se fosse em Chicago EUA, os casos não seriam tão difíceis. “Não tem lugar mais burocrático do que no Brasil”. Cristiano.
Rafael concluiu o segundo ano do ensino médio e fez um curso de inglês fora, hoje dá aulas particulares, Cristiano é professor de inglês formado em música, com mestrado em teologia, para os dois a questão do preconceito será bem enfrentada pelo garoto se for bem direcionado por eles “ A gente quer que ele tenha uma personalidade forte, e tente se defender. Mostramos para ele que o mais importante é o amor acima de tudo e que não importa o sexo da pessoa” Rafael.
Eles não escondem do menino o fato da sexualidade até porque a criança presencia cenas e manifestações de carinhos dos dois, e afirmam que não se sentiriam culpados se ele viesse a ser homossexual, para eles a questão da sexualidade é algo intrínseco da natureza de cada individuo e não uma influência.
Os professores mostram que vivem uma vida normal, sem preconceito ou discriminação
As pessoas não percebem que somos uma família” Rafael
. E revelam que no Brasil a mídia tem uma visão supérflua dos gays, e quando esta não faz piadas debocham da classe homossexual. Eles dizem que o motivo de não ter tanta adoção homossexual no Brasil não é devido apenas do preconceito mas também dos próprios homossexuais. “Os gays do Brasil não são ativistas, eles moram com os pais até os cinqüenta anos. Nunca irá acabar o preconceito se não irmos à luta”. Fala o professor Rafael.
A família pretende ir embora do país, mas só se puderem levar o pequeno junto, eles afirmam que não ficariam sem ele, e que mesmo se a justiça negar o processo eles vão criar a criança normalmente, o carinho e o afeto adquirido pelo garoto aos pais é recebido com a mesma intensidade por ambos, e que a falta da mãe não é motivo para não criarem bem o menino.
M.M

segunda-feira, 30 de março de 2009

Reflexão


A danada de pernas curtas!


Eu minto



Tu mente



Ele mente... E por aí vai. O correto é que todos nós por um fato ou por outro já mentimos, às vezes em coisas comuns do dia-a-dia cometemos essa falha. E é invão dizer que não iremos mentir contudo, só cometemos mais uma falta com a verdade.
Fazemos por coisas simples, por capricho, por brincadeira, pra livrar alguém da verdade que pode machucar, mas o fato é que sempre mentimos...


hÁ ALGUNS que acostuma tanto com a mentira que até acreditam nela...


como dizem...


"Na boca de um mentiroso até a mais pura verdade se torna mentira"
"Mas podem ter certeza que daqui pra frente não vou mais mentir!!....






Marcos Moreira

quinta-feira, 26 de março de 2009

Teatro





"A Alma Boa de Setsuan" com
Denise Fraga





Com texto montado por Bertolt Brecht há anos atrás aqui no Brasil.. A peça entra em cartaz com nada mais nada menos que DENISE FRAGA, personalidade marcante da TV E DO TEATRO brasileiro, com traços fortes em temas de humor. "Uma comediante pra ninguém botar defeito" (MM)
A mesma peça foi protagonizada a exatos 50 anos pela atriz Maria Della Costa (1958) agora Denise Fraga, faz uma revisão do espetáculo, colocando sua essência e seu carisma.
A peça narra a vida de uma alma boa, três deuses descem à Terra e descobrem Chen-Tê (DENISE FRAGA). Como recompensa, dão-lhe um saco de dinheiro.
O presente, porém, só irá trazer dissabores à heroína, que passará a ser explorada por todos à sua volta. Para sobreviver a tantos infortúnios, a personagem se divide em duas e cria um outro personagem. Parte sua seguirá como uma mulher generosa e gentil. Já a outra porção irá se transformar no duro e inflexível Chuí-Ta, um investidor capitalista que serve de contraponto à sua piedade sem limites.

"Uma comediante pra ninguém botar defeito" MM


"Trazendo para o nosso dia-a-dia, podemos perceber que é impossivel sermos "Bonzinhos" o tempo todo, ou ao menos dá para perceber o que se passa com algumas pessoas que tem a dificuldade de dizerem NÃO."...
"Como eu por exemplo,( é verdade) as vezes me prejudico de alguma forma para agradar alguém. será que talvez isso seja falta de confiança e nós mesmos? Em impor limites para determinadas ocasiões? Ou será que damos uma de papai do céu que pode ajudar tudo e todos o tempo todo (rsrs)".


Marcos Moreira

segunda-feira, 23 de março de 2009

Entrevista

A vida fácil que não é tão fácil assim

“Como não tenho nada para fazer, ganho a vida me prostituindo”


Por: Marcos Moreira

Esses dias cheguei tarde em casa. Meu Deus tava muito tarde para quem é acostumado a voltar no máximo à meia noite. Bom eu cheguei por volta das duas da manhã, estava em uma festa que havia acontecido na casa de uma ex-colega da faculdade. Fui embora da festa com dois colegas, sendo que um deles me pediu carona até o centro da cidade, eu sempre gentil, disse que não teria problema algum pois o local que questão era meu caminho de ir embora.
Pois bem deixando meu colega em sua casa reparei que em algumas ruas próximas haviam aglomerações de rapazes, perambulando de um lado para o outro. Neste momento meu celular tocou (um caso antigo), comecei a conversar no celular e fiquei ao longe estacionado reparando os jovens. Como a conversa demorou “horrores” deu para perceber que além desses rapazes ficarem amontoados alguns davam voltas nos quarteirões, e ao longe dava para ver alguns carros parando e eles (os garotos) iam de encontro até estes, alguns rapazes entravam, outros apenas conversavam ou davam sinal de até logo.
Bom neste momento eu já não tinha dúvida alguma do que se tratava né? Afinal eu não sou tão burro assim. O problema é que nunca vi tantos garotos de programas num só local, teria talvez um nome propício para o coletivo deles? Matilha? Ou bando ? sei lá no ensino fundamental só aprendi os mais comuns, e tinha certeza que os mencionados a cima não seriam, mas não vem ao caso.
Aproximei-me, desci do carro, isso deveria ser uma hora da manhã por aí, e um jovem me perguntou se eu desejaria algo, indaguei o que ele estava fazendo ali naquele horário, ele imediatamente me respondeu que “ganhando a vida”. Eu na tentativa de entrar no universo dele puxei assunto. Perguntei se morava ali perto ele disse que não, e que havia chegado na cidade há cerca de três meses, vindo de outro estado.
Bate papo
O rapaz com o nome Flávio (fictício, ou profissional talvez) me relatou que começou a fazer programas ainda na juventude, na época com a idade de 16 anos já dormia com alguém para receber alguns trocados, hoje já com 25 anos contou que não pretende sair dessa vida.
Porque?
Porque segundo ele não encontra nenhum emprego na cidade. Para ele o fator preponderante de ter entrado no universo da prostituição nem foi tanto a falta de emprego, mas sim a falta de dinheiro para consumir drogas.
Vindo de uma família de cinco irmãos, Flávio o mais jovem se viu “obrigado” a entrar neste mundo aos 15 anos para sustentar o vicio. “Antes do mundo do sexo, veio o das drogas, neste período perdi minha família, me vi diante da escolha entre as drogas e a minha casa. Então optei pelo pior”.
Há esta altura eu e o garoto de programa já tínhamos caminhado um bocado e nos sentamos um banco para ele prosseguir com seus relatos.

A situação de Flávio se agravou depois que viciado quimicamente e sem dinheiro para sustentar o vicio se viu obrigado a manter relações sexuais por grana, relações que fazia com homens ou com mulheres o que importava era o cachê no final do ato. “Nunca importei se fazia sexo com homens ou mulheres, eu estava afim mesmo era do dinheiro pra comprar droga, não podia ficar sem”. Assegura. O caso dele me chamou atenção perguntei de onde ele era, já que tinha três meses que estava aqui na cidade.
Ele morava em Santarém no estado do Pará, lugar onde tinha nascido e sido criado até os 24 anos de idade, ele me falou que sente falta dos pais, principalmente da mãe que é lavadeira de roupas e dos irmãos que segundo ele todos são “direitos”. Ao procurar sobre o valor que ele cobrava de seus clientes, ele sorriu e perguntou se havia algum interesse de minha parte, eu logo disse que seria apenas para dados jornalísticos pois não tinha o menor interesse. Ele me contou que dependia muito. Dependia de que? Ele falou que dependia se era com mulher ou com homem, e se demoraria, pois o valor cobrado era para ser algo rápido custando cerca de 50 reais o básico, segundo ele.
Perguntei:
__Flávio você saiu do Pará, só para se prostituir aqui, Ou veio para outra ocupação?
Não. Vim para conseguir um trabalho melhor, mas Tenho apenas o ensino fundamental, não terminei nem a oitava serie. Não tenho experiência em nada só em sexo. E como não tenho nada para fazer, ganho a vida me prostituindo”.
Notei que Flávio é uma pessoa jovem, que apensar do pouco estudo é bem inteligente, pele morena clara estatura mediana e semblante de sarcasmo, porém o que mais me chamou a atenção foi um colar com duas medalhas da santa Nossa Senhora Aparecida.
Perguntei:
__Você carrega consigo a imagem de uma santa? Praticante de alguma religião?
Ele me respondeu:
Já fui evangélico, minha família toda é evangélica, eu sigo os costumes dos meus avós, sou católico, mas dificilmente vou na missa” sem terminar direito de responder lhe fiz outra pergunta:
__E você acredita em Deus, ou/e nesta santa? Ele foi direto. “Sim por isso que não largo ela, acho que um dia vou sair disso, e vou agradecer a eles”.

Naquele momento, não se ouviu mais nada, pairou sobre nós um silêncio que ficou por um instante, apenas observei que seus olhos estavam vermelhos, talvez pelo sono, mas acho mesmo que era vontade de chorar. Eu não precisei conter as lagrimas porque não me emociono facilmente, não que eu seja tão frio, apenas não demonstro sensibilidade perto das pessoas, ainda mais de um entrevistado (rs). Ele não sabia que era uma entrevista eu tentei ser o mais natural possível e mesmo depois que contei que não tinha interesse algum no “trabalho” dele, ele agiu naturalmente me contanto um pouco de sua história. Aqui nestas linhas eu exponho apenas parte do que ouvi naquela madrugada, por que para narrar tudo, talvez escreveria um livro. Mas se bem que Eu deveria né? Afinal a Bruna Surfistinha nasceu assim (rsrs).
Uma prostituta como todas as outras, a única diferença é que ficou rica, e as outras? bom as outras continuam“ganhando a vida” por aí.

Obs: hoje ele diz que, “só” se prostitui, e não está mais no mundo das drogas. Se bem que este mundo também pode ser considerado uma DROGA né?

quarta-feira, 18 de março de 2009

Crônica


Em quanto abastecia













Por: Marcos Moreira

Oi amigo desculpa te incomodar, boa noite! Com estas simples palavras pode se começar um diálogo? Sim, pois outro dia um fato semelhante aconteceu comigo. Quando me recordo vem até um certo peso na consciência, que logo passa ao pensar que talvez tenha feito o que julguei ser o correto.
Dias atrás ao chegar em um desses postos de abastecimento me deparei com algo do gênero, observei um tipo comum de ser ver na cidade, não só na minha, mas em diversas cidades espalhadas pelo Brasil e o mundo a fora.
Um sujeito maltrapilho, aparentando seus vinte e poucos anos, trajando uma camisa larga com uma bermuda na canela, que veio em direção ao meu veiculo que havia encostado naquele instante para abastecer, e ao chegar exclamou:
__ Oi amigo desculpa te incomodar, boa noite! (bom até aí tudo bem, porque me incomodaria por alguém me chamar de amigo, mesmo eu não sendo e ainda me cumprimentar dizendo boa noite?).
Retruquei educadamente:
__ tudo bem e você? (ele respondeu que sim, porém era visível que a situação deste não era das melhores)
Então ele prosseguiu seu discurso:
__ é que eu sou morador de rua e estou pedindo uma ajuda, e se você puder me ajudar com uma moeda, 50 centavos! (especificou o valor, talvez por medo de ganhar menos)
Terminando de pedir lhe dirigi a palavra com uma mentira:
__ Ô meu amigo to sem nada hoje, hoje estou quebrado, ficar pra uma próxima. (quebrado? Como assim quebrado? Claro financeiramente, porém não a ponto de não ter 50 centavos).
Após o banho de água fria que ganhou de mim, ele se distanciou e voltou ao seu canto onde estava antes de eu chegar, esperando novos “amigos” para quem sabe lhe ajudar com alguma moeda.
Assim que terminei de abastecer, me deparei com ele me olhando tristonho vendo eu receber do frentista o troco do dinheiro que paguei. Neste momento reparei que realmente eu tinha pouco dinheiro, mas o pouco pra mim seria muito até demais pra ele naquela situação precária.
Com o peso na consciência também tentei me escapar da culpa pensado que, talvez seu eu tivesse lhe ajudado poderia estar contribuindo para que ele continuasse levando aquela vida miserável, por que de qualquer forma 50 centavos não mudaria aquele individuo e nem o tiraria das ruas. Contudo deu para perceber com o simples fato, o quanto existem muitos que não sabem nem o valor de uma moeda de cinqüenta centavos. Cuidado preocupe-se com o que tem, o que para você pode ser pouco, para outras pessoas pode ser uma fortuna.
Talvez o importante nem era eu ter ajudado ele, mas com certeza foi eu descobrir tudo isso. Fui embora e ele continuou a abordar as pessoas que por ali passavam, sempre utilizando seu bordão, em quanto outras pessoas abasteciam.
__Oi amigo desculpa te incomodar, boa noite!
Decepcionado por não ganhar de um, mas determinado em conseguir de outros.


M.M