quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Confusão

Reflexão


Quem nunca esteve confuso com algo?
pois é, nesta fase que me encontro agora, numa confusão que nem sei como vou sair. Tantas coisas aconteceram de uma vez que talvez eu não tive tempo de processar tudo para ordenar minhas idéias, processos que deveriam demorar mais para acontecer se desdobraram rápido demais. Contudo me encontro agora como um zé ninguém sem eira nem beira sem saber o que fazer (dramático? nem tanto) bom vou reformular várias idéias que tenho, ver o que pode ser melhor e tentar prosseguir, não sei como será o meu amanhã, mas não posso, nem devo ficar aqui parado como estou. Vou marcar um divisor de águas na minha vida entre o meu agora e o meu depois de amanhã (fevereiro) pois o divisor de águas que possuo não marcou minha vida de forma muito positiva.
A minha esperança é de conseguir, de vencer, embora tudo caminhe para o contrário, creio eu que uma luz ainda vai brilhar na minha vida e o melhor eu vou conseguir enchergar esta luz.
Enfim, vou aproveitar o restante de dias que ainda tenho por aqui e fazer o que estou de costume de fazer, curtir minha "boa vida" rs e depois vou cair no mundo, cair na "vida dura" e ver o que precisa ser feito e por quais processos devo passar para me tornar uma pessoa melhor e um profissional de valor.

Marcos Moreira

quarta-feira, 14 de outubro de 2009


CRÔNICA


UMA CARTA PARA ELIAS
Por: Marcos Moreira

Meu caro Elias, o show da Ternurinha...

Olá meu amigo, venho através desta esboçar a satisfação que tive ao comparecer a um espetáculo que ocorreu recentemente em minha cidade, creio que já tenha ouvido falar em Ternurinha? Ou como alguns chamam Wanderléia. Bom, esta mesma a diva da Jovem Guarda cantou para mim, não só para mim é claro, mas confesso que me deleitei com a nostalgia daquelas musicas como se eu fosse o único além dela.
Tudo começou quando fui ao cabeleireiro como de praxe fazer o mesmo corte de sempre, e assim que cheguei tive uma longa espera até sentir o toque da navalha, mas neste ínterim me deparei com uns jornais jogados numa poltrona que ao ler, observo.
“Wanderléia a eterna ternurinha in concert em Goiânia”
Logo fui verificar a data, pensando que a matéria já poderia ser ultrapassada, mas não, pra minha infinita sorte além de não ter passado, o show era neste mesmo dia e o melhor de tudo era de graça! Não deu outra, na hora me lembrei de você e de mais dois amigos meus, Salus e Leandro, como não poderia te convidar resolvi chamar os dois, porém o primeiro como bom anfitrião que é não pôde deixar em casa suas visitas, e o segundo nem retorno deu à mensagem de celular, provavelmente estava atravancado.
E ai Elias, estava eu sem companhia, mas com muita vontade de ir ver a tal Wanderléia, e assim que o cabelo “ficou pronto” lá vou eu para onde seria realizado o show. Ao chegar próximo do lugar já avistei o excesso de veículos, estacionado o neném (carro) parto em busca do local, mas primeiro tive que passar num banheiro para verificar se estava a altura para ver a Ternurinha. Cabelo arrumado parecia que eu tinha penteado com Denorex, quando em fim pronto, cheguei lá e avistei a multidão, de longe vi uma loura num belo vestido cinza e com os cabelos alvoroçados cantando: “Foi assim eu vi você passar por mim e quando para você eu olhei logo me apaixonei” aí já sabia que estava no lugar certo.
Elias a ti te digo que senti uma emoção sem igual a me ver ao lado de um tanto de velhinhas e eu ali igual a elas com o mesmo brilho nos olhos ouvindo as músicas que marcaram o passado de tantas pessoas, mas eu não era o único jovem, deu para ver mais uma meia dúzia de gatos pingados por lá com o mesmo contentamento que eu.
Será que reencarnação existe? Bom eu não sei, mas se existir devo ter vivido essa época e ter gostado muito, pois não consigo me adaptar como gostaria ao mundo atual. Haa e nem me lembrei de minha denominação ao vê-la cantar “Nossa Senhora”, cantei junto e até gesticulei, numa de suas pausas eu dou um grito bem forte “Eu já nem sei” e confirmei “Eu já nem sei” não deu para escutar, bom Wanderléia não, mas as pessoas do meu lado escutaram sim e sorriram também.
Mas meu amigo, como sou muito sortudo logo mais adiante ela cantou a minha canção preferida “Já nem sei” aí sim quase fui ao delírio.
Parte engraçada do show foi ver uma senhoria bem de idade acompanhando bem de perto e cantando todas as melodias, e com uma voz forte e estridente a velhinha grita.
__Canta minha música, Canta minha música!!
__ Estúpido cupido!! Celly Campello te acompanho há muitos anos Celly te adoroo!!!
Grita a velhinha já não sabendo mais diferenciar as cantoras da Jovem Guarda, eu não segurei o riso caí na gargalhada, mas sem que me notasse, afinal era tudo música antiga mesmo, ela tinha todo direito de ouvir “Estúpido Cupido”.(rs)
Bom tudo correu bem, mesmo após esquecer toda a letra da música “Detalhes” Wanderléia foi aplaudida pelo publico, e ao terminar o show Wanderléia canta “Pare o casamento” um de seus maiores sucessos a platéia vibrou junto. Acabou e eu preciso lógico de uma lembrança fora da que ficaria na mente, uma foto! Aí pus para fora meu lado tiete que havida deixado de lado já tinha um tempim, aí subi logo no palco e tentei ir atrás da cantora, xii, mas fui barrado e obrigado a descer na hora, foi quando fiquei irritado, porém tranqüilo, voltei pra onde estava e me contive, porém quando o sacripanda deu uma volta eu adentrei no palco e fui para o outro lado, infiltrei na fila de quem iria tirar foto (só quem comprasse o CD de 30,00 R$, e eu apenas com 5,00 R$ no bolso) mas daí em diante foi tudo maravilha, cheguei lá
Saudei-a atenciosamente e demonstrei com meu abraço e beijo a alegria que estava ao conhecê-la pessoalmente e disse:
__ é uma honra de ver Wanderléia sou teu fã!!
e comecei a cantar uma de minhas canções preferida. Aí meu caro eu tirei a foto (que não ficou das melhores) e me despedi com um beijo em suas mãos dizendo
__ até mais!!
Sabe-se Deus quando irei ver Wanderléia novamente assim tão perto, isso é se algum dia vou voltar a vê-la, mas quem sabe?
Bom amigo daí fui embora, cantarolando as músicas dela, e pensando que bom que resolvi cortar o cabelo neste dia. Sem mais delongas vou ficando por aqui e volto a
Escrever-lhe assim que acontecer alguma novidade, grande abraço e até mais.

Atenciosamente
Marcos Moreira

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Frases


Por: Marcos Moreira

A solidão faz a gente mergulhar em nós mesmos e desvendamos que somos capazes de
surpreendentes atos, quando descobrimos as dantescas coisas que temos e que SOMOS!



"Quando eu quero chorar, Choro! Quando quero cantar, Eu canto, Quando quero esquecer EU Consigo!


"
Não pergunte a Deus quando teu sol irá brilhar, pergunte a mesmo quando vc vai abrir a janela. O Sol está lá fora, abra e veja! "


"Em fase de reforma, me reconstruindo, catando os cacos que deixei cair ao logo do caminho.

"Não sou o que você quer.. mas posso ser o que você precisa."

"
É melhor estar em um conflito por uma mudança do que viver a calmaria de uma mesmice"

MM

quarta-feira, 1 de julho de 2009


Comentário 


Escolhas!!!

Você escolhe, ou lê isso ou não lê... A escolha é sua

Noite Escuras...

 

Ha se pudéssemos prevê o futuro, será que evitaríamos tantos erros?

Talvez sim, mas ia ser muito complicado viver hoje sabendo o que irá acontecer amanhã porém seria uma facilidade para agendar os horários e os compromissos, tipo;

__ Há  infelizmente eu não vou poder ir porque meia hora antes da hora marcada, meu carro vai estragar e não chegarei a tempo. bom acho que é melhor como está..

Contudo ao menos ter certeza de algumas escolhas que fazemos, seria bom se tivéssemos, um mero palpite! Que tais escolhas foram as corretas. Escolhas que quando feitas jamais podem voltar atrás.

Eu vivo fazendo escolhas, desde ao acordar escolho a hora de levantar (isso quando posso) escolho a roupa a ser usada, se penteio o cabelo ou se uso boné, se uso calça ou bermuda, regata ou camiseta e depois passo a decidir se bebo café ou leite, pra comer nem sempre tenho muita escolha, afinal são sempre pães de queijo ou pão Francês (não muito saborosos) daí em diante segue-se todo um dia, toda uma história marcada por várias escolhas que serão produzidas minuto após minutos, mas eu não me refiro a escolhas simples como estas, afinal as conseqüências que vou ter ao decidir vestir calça ou bermuda não serão tão devastadoras assim na minha vida (não sou tão dramático) +  digo sim de escolhas que fizemos, que fazemos e que faremos, escolhas que  podem mudar toda uma vida, todo contexto de uma pessoa.

Todos os dias fazemos diversas escolhas, escolhas que só as vezes só refletem em nossas vidas a longo prazo, escolhas estas simples imperceptíveis, ou escolhas estrondosas que irão nos marcar para sempre, geralmente as escolhas são advindas de necessidades que temos em tomar certa atitude em escolher algo, se tenho a necessidade de comer escolho sair de onde estou e procurar algo para levar para meu estomago, certas escolhas são automáticas, feitas pelo subconsciente as vezes nem queremos agir de tal maneira mas o fazemos pela rotina ou porque subconscientemente sabemos que é a melhor coisa a ser feita. Somos nós que escolhemos sorrir ou chorar, perder ou ganhar, viver ou deixar a vida passar sem tomar nossas escolhas. 

Bom acho que não sei de nada, não sei mesmo. Espero que daqui uns anos saiba dizer de maneira correta sobre minhas escolhas  até lá,  quem sabe eu tenha feito a escolha certa? E se não tiver feito também vou saber responder onde foi que minha escolha errada me levou.


Publicar isso foi uma escolha, você ter lido também, pense bem no que vai escolher fazer daqui pra frente, tá?

MM

quinta-feira, 28 de maio de 2009


Poema



Virou Saudade


Saudade é... Sentir sua falta antes mesmo de te deixar 

Saudade, é Dar-lhe um longo abraço como medo dele logo se acabar

... Ouvir sua música preferida sem você do meu lado

... Passar horas vendo suas fotos relembrando de como éramos felizes

... Crer que fizemos dos pequenos instantes juntos, momentos inesquecíveis. 

Saudade é... Lembrar que a falta de dinheiro não nos impediu de sermos felizes tomando um simples sorvete 

É Chegar tarde das farras com os amigos e passar horas e horas conversando o que já estamos cansados de saber um do outro 

É Ouvir o mundo gritar que fomos feitos um para o outro e mesmo assim duvidar se ele está certo 

Saudade, é Tentar corrigir os erros do passado, buscando possíveis soluções para o presente, na tentativa de preparar um futuro melhor.

Saudade é... Sorrir sozinho das palhaçadas que já fizemos juntos e depois chorar em silêncio por algo que virou passado 

Por fim...

Saudade é... Fazer acreditar que você está aqui, mesmo você estando tão longe...

É fechar os olhos e saber que tudo o que vivemos se transformou nisso, isso que simplesmente se chama Saudade!  É virou Saudade! 

Marcos Moreira

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Contos 
A MÁSCARA DA MORTE ESCARLATE

A "Morte Escarlate" havia muito devastava o país. Jamais se viu peste tão fatal ou tão hedionda. O sangue era sua revelação e sua marca – a cor vermelha e o horror do sangue. Surgia com dores agudas e súbita tontura, seguidas de profuso sangramento pelos poros, e então a morte. As manchas rubras no corpo e principalmente no rosto da vítima eram o estigma da peste que a privava da ajuda e compaixão dos semelhantes. E entre o aparecimento, a evolução e o fim da doença não se passava mais de meia hora.
Mas o príncipe Próspero era feliz, destemido e astuto. Quando a população de seus domínios se reduziu à metade, mandou vir à sua presença um milhar de amigos sadios e divertidos dentre os cavalheiros e damas da corte e com eles retirou-se, em total reclusão, para um dos seus mosteiros encastelados. Era uma construção imensa e magnífica, criação do gosto excêntrico, mas grandioso do próprio príncipe. Circundava-a a muralha forte e muito alta, com portas de ferro. Depois de entrarem, os cortesãos trouxeram fornalhas e grandes martelos para soldar os ferrolhos. Resolveram não permitir qualquer meio de entrada ou saída aos súbitos impulsos de desespero do que estavam fora ou aos furores do que estavam dentro. O mosteiro dispunha de amplas provisões. Com essas precauções, os cortesãos podiam desafiar o contágio. O mundo externo que cuidasse de si mesmo. Nesse meio-tempo era tolice atormentar-se ou pensar nisso. O príncipe havia providenciado toda a espécie de divertimentos. Havia bufões, improvisadores, dançarinos, músicos, Beleza, vinho. Lá dentro, tudo isso mais segurança. Lá fora, a "Morte Escarlate".
Lá pelo final do quinto ou sexto mês de reclusão, enquanto a peste grassava mais furiosamente lá fora, o príncipe Próspero brindou os mil amigos com um magnífico baile de máscaras.
Era um espetáculo voluptuoso, aquela mascarada. Mas antes vou descrever onde ela aconteceu. Eram sete – um suíte imperial. Em muitos palácios, porém, essas suítes formam uma perspectiva longa e reta, quando as portas se abrem até se encostarem nas paredes de ambos os lados, de tal modo que a vista de toda essa sucessão é quase desimpedida. Ali, a situação era muito diferente, como se devia esperar da paixão do duque pelo fantástico. Os salões estavam dispostos de maneira tão irregular que os olhos só podiam abarcar pouco mais de cada um por vez. Havia um desvio abrupto a cada vinte ou trinta metros e, a cada desvio, um efeito novo. À direita e à esquerda, no meio de cada parede, uma alta e estreita janela gótica dava para um corredor fechado que acompanhava as curvas da suíte. A cor dos vitrais dessas janelas variava de acordo com a tonalidade dominante na decoração do salão para o qual se abriam. O da extremidade leste, por exemplo, era azul – e de um azul intenso eram suas janelas. No segundo salão os ornamentos e tapeçarias, assim como as vidraças, eram cor de púrpura. O Terceiro era inteiramente verde, e verdes também os caixilhos das janelas. O quarto estava mobiliado e iluminado com cor alaranjada – o quinto era branco, e o sexto, roxo. O sétimo salão estava todo coberto por tapeçarias de veludo negro, que pendiam do teto e pelas paredes, caindo em pesadas dobras sobre um tapete do mesmo material e tonalidade. Apenas nesse salão, porém, a cor das janelas deixava de corresponder à das decorações. AS vidraças, ali, eram escarlates – uma violenta cor de sangue.
Ora, em nenhum dos sete salões havia qualquer lâmpada ou candelabro, em meio à profusão de ornamentos de ouro espalhados por todos os cantos ou dependurados do teto. Nenhuma lâmpada ou vela iluminava o interior da seqüência de salões. Mas nos corredores que circundavam a suíte havia, diante de cada janela, um pesado tripé com um braseiro, que projetava seus raios pelos vitrais coloridos e, assim, iluminava brilhantemente a sala, produzindo grande número de efeitos vistosos e fantásticos. Mas no salão oeste, ou negro, o efeito do clarão de luz que jorrava sobre as cortinas escuras através das vidraças da cor do sangue era desagradável ao extremo e produzia uma expressão tão desvairada no semblante do que entravam que poucos no grupo sentiam ousadia bastante para ali penetrar.
Era também nesse apartamento que se achava, encostado à parede oeste, um gigantesco relógio de ébano. Seu pêndulo oscilava de um lado para o outro com um bater surdo, pesado, monótono; quando o ponteiro dos minutos completava o circuito do mostrador e o relógio ia dar as horas, de seus pulmões de bronze brotava um som claro e alto e grave e extremamente musical, mas em tom tão enfático e peculiar que, ao final de cada hora, os músicos da orquestra se viam obrigados a interromper momentaneamente a apresentação para escutar-lhe o som; com isso os dançarinos forçosamente tinham de parar as evoluções da valsa e, por um breve instante, todo o alegre grupo mostrava-se perturbado; enquanto ainda soavam os carrilhões do relógio, observava-se que os mais frívolos empalideciam e os mais velhos e serenos passavam a mão pela teste, como se estivessem num confuso devaneio ou meditação. Mas, assim que os ecos desapareciam interiormente, risinhos levianos logo se riam do próprio nervosismo e insensatez e, em sussurros, diziam uns aos outros que o próximo soar de horas não produziria neles a mesma emoção; mas, após um lapso de sessenta minutos (que abrangem três mil e seiscentos segundos do Tempo que voa), quando o relógio dava novamente as horas, acontecia a mesma perturbação e idênticos tremores e gestos de meditação de antes.
Apesar disso tudo, que festa alegre e magnífica! Os gosto do duque eram estranhos. Sabia combinar cores e efeitos. Menosprezando a mera decoração da moda, seus arranjos mostravam-se ousados e veementes, e suas idéias brilhavam com um esplendor bárbaro. Alguns podiam considerá-lo louco, sendo desmentidos por seus seguidores. Mas era preciso ouvi-lo, vê-lo e tocá-lo para convencer-se disso.
Para essa grande festa, ele próprio dirigiu, em grande parte, a ornamentação cambiante dos sete salões, e foi seu próprio gosto que inspirou as fantasias dos foliões. Claro que eram grotescas. Havia muito brilho, resplendor, malícia e fantasia – muito daquilo que foi visto depois no Hernani. Havia figuras fantásticas com membros e adornos que não combinavam. Havia caprichos delirantes como se tivessem sido modelados por um louco. Havia muito de beleza, muito de libertinagem e de extravagância, algo de terrível e um tanto daquilo que poderia despertar repulsa. De um ao outro, pelos sete salões, desfilava majestosamente, na verdade, uma multidão de sonhos. E eles – os sonhos – giravam sem parar, assumindo a cor de cada salão e fazendo com que a impetuosa música da orquestra parecesse o eco de seus passos. Daí a pouco soa o relógio de ébano colocado no salão de veludo. Então, por um momento, tudo se imobiliza e é tudo silêncio, menos a voz do relógio. Os sonhos se congelam como estão. Mas os ecos das batidas extinguem-se – duraram apenas um instante – e risos levianos, mal reprimidos, flutuam atrás dos ecos, à medida que vão morrendo. E logo a música cresce de novo, e os sonhos revivem e rodopiam mais alegremente que nunca, assumindo as cores das muitas janelas multicoloridas, através das quais fluem os raios luminosos dos tripés. Ao salão que fica a mais oeste de todos os sete, porém, nenhum dos mascarados se aventura agora; pois a noite está se aproximando do fim: ali flui uma luz mais vermelha pelos vitrais cor de sangue e o negror das cortinas escuras apavora; para aquele que pousa o pé no tapete negro, do relógio de ébano ali perto chega um clangor ensurdecido mais solene e enfático que aquele que atinge os ouvidos dos que se entregam às alegrias nos salões mais afastados.
Mas nesses outros salões cheios de gente batia febril o coração da vida. E o festim continuou em remoinhos até que, afinal, começou a soar meia-noite no relógio. Então a música cessou, como contei, as evoluções dos dançarinos se aquietaram, e, como antes, tudo ficou intranqüilamente imobilizado. Mas agora iriam ser doze as badaladas do relógio; e desse modo mais pensamentos talvez tenham se infiltrado, por mais tempo, nas meditações dos mais pensativos, entre aqueles que se divertiam. E assim também aconteceu, talvez, que, antes de os últimos ecos da última badalada terem mergulhado inteiramente no silêncio, muitos indivíduos na multidão puderam perceber a presença de uma figura mascarada que antes não chamara a atenção de ninguém. E, ao se espalhar em sussurros o rumor dessa nova presença, elevou-se aos poucos de todo o grupo um zumbido ou murmúrio que expressava a reprovação e surpresa – e, finalmente, terror, horror e repulsa.
Numa reunião de fantasmas como esta que pintei, pode-se muito bem supor que nenhuma aparência comum poderia causar tal sensação. Na verdade, a liberdade da mascarada dessa noite era praticamente ilimitada; mas a figura em questão ultrapassava o próprio Herodes, indo além dos limites até do indefinido decoro do príncipe. Existem cordas, nos corações dos mais indiferentes, que não podem ser tocadas sem emoção. Até para os totalmente insensíveis, para quem a vida e morte são alvo de igual gracejo, existem assuntos com os quais não se pode brincar. Na verdade, todo o grupo parecia agora sentir profundamente que na fantasia e no rosto do estranho não existia graça nem decoro. A figura era alta e esquálida, envolta do pés a cabeça em veste mortuárias. A máscara que escondia o rosto procurava assemelhar-se de tal forma com a expressão enrijecida de um cadáver que até mesmo o exame mais atento teria dificuldade em descobrir o engano. Tudo isso poderia ter sido tolerado, e até aprovado, pelos loucos participantes da festa, se o mascarado não tivesse ousado encarnar o tipo da Morte Escarlate. Seu vestuário estava borrifado de sangue – e sua alta testa, assim como o restante do rosto, salpicada com o horror escarlate.
Quando os olhos do príncipe Próspero pousaram nessa imagem espectral (que andava entre os convivas com movimentos lentos e solenes, como se quisesse manter-se à altura do papel), todos perceberam que ele foi assaltado por um forte estremecimento de terror ou repulsa, num primeiro momento, mas logo o seu semblante tornou-se vermelho de raiva.
- Quem ousa... – perguntou com voz rouca aos convivas que estavam perto – quem ousa nos insultar com essa caçoada blasfema? Peguem esse homem e tirem sua máscara, para sabermos quem será enforcado no alto dos muros, ao amanhecer!
O príncipe Próspero estava na sala leste, ou azul, ao dizer essas palavras. Elas ressoaram pelos sete salões, altas e claras, pois o príncipe era um homem ousado e robusto e a música se calara com um sinal de sua mão.
O príncipe achava-se no salão azul com um grupo de pálidos convivas ao seu lado. Assim que falou, houve um ligeiro movimento dessas pessoas na direção do intruso, que, naquele momento, estava bem ao alcance das mãos, e agora, com passos decididos e firmes, se aproximava do homem que tinha falado. Mas por causa de um certo temor sem nome, que a louca arrogância do mascarado havia inspirado em toda a multidão, não houve ninguém que estendesse a mão para detê-lo; de forma que, desimpedido , passou a um metro do príncipe e, enquanto a vasta multidão, como por um único impulso, se retraía do centro das salas para as paredes, ele continuou seu caminho sem deter-se, no mesmo passo solene e medido que o distinguira desde o inicio, passando do salão azul para o púrpura – do púrpura para o verde – do verde para o alaranjado – e desse ainda para o branco – e daí para o roxo, antes que se fizesse qualquer movimento decisivo para detê-lo. Foi então que o príncipe Próspero, louco de raiva e vergonha por sua momentânea covardia, correu apressadamente pelos seis salões, sem que ninguém o seguisse por causa do terror mortal que tomara conta de todos. Segurando bem alto um punhal desembainhado, aproximou-se, impetuosamente, até cerca de um metro do vulto que se afastava, quando este, ao atingir a extremidade do salão de veludo, virou-se subitamente e enfrentou seu perseguidor. Ouviu-se um grito agudo – e o punhal caiu cintilando no tapete negro, sobre o qual, no instante seguinte, tombou prostrado de morte o príncipe Próspero. Então, reunindo a coragem selvagem do desespero, um bando de convivas lançou-se imediatamente no apartamento negro e, agarrando o mascarado, cuja alta figura permanecia ereta e imóvel à sombra do relógio de ébano, soltou um grito de pavor indescritível, ao descobrir que, sob a mortalha e a máscara cadavérica, que agarravam com tamanha violência e grosseria, não havia qualquer forma palpável.
E então reconheceu-se a presença da Morte Escarlate. Viera como um ladrão na noite. E um a um foram caindo os foliões pelas salas orvalhadas de sangue, e cada um morreu na mesma posição de desespero em que tombou no chão. E a vida dorelógio de Ébano dissolveu-se junto com a vida do último dos dissolutos. E as chamas dos braseiros extinguiram-se. E o domínio ilimitado das Trevas, da Podridão e da Morte Escarlate estendeu-se sobre tudo.


Edgar Allan Poe.In: Histórias Extraordinárias.

sábado, 11 de abril de 2009

Reflexão

Quando o Sonho vira pesadelo













Por: Marcos Moreira


O Que te faz pensar quando você lê o termo “Sonho”? A primeira impressão é dos sonhos que temos ao dormir, ou dos deliciosos sonhos de padaria recheados de doce enfarinhados com açúcar de confeiteiro? Mas ao escrever sobre sonhos não estou querendo discorrer de nenhum destes dois, mas sim dos Sonhos que são projetos, metas que alguns colocam na cabeça até que se concretizem.
O que nos faz sonhar que um dia viveremos melhores e em situações mais cômodas, se a cada dia que passa o mundo peregrina para um abismo sem fim e sem volta? (Pessimista eu? Nem um pouco, rs) Talvez seja o otimismo, afinal em dia como estes que estamos vivemos é complexo habitar sem esta perspectiva de um futuro mais aprazível.
Eu tenho múltiplos sonhos em mente, sonhos profissionais, financeiros, amorosos dentre outros que não encaixa nestas áreas (rs) aposto que você que está lendo isso também tem muitos sonhos talvez até mais do que eu, talvez você sonhe com o homem de sua vida, ou com o carro dos sonhos, ou aquela mansão, ou mesmo que seja algo menor como ser promovido no emprego, conquistar a tão cobiçada moça, etc etc etc. Os sonhos para existirem independem de raça, religião, classe social, caráter dentre outras colocações que especificam os seres humanos, o que é fato é que todos buscam ou almejam por algo.
Quando crianças sonhamos em nos tornar marmanjos para poder fazer coisas de adultos, e quando chegamos a esta idade percebemos que passamos pela melhor fase da vida e nem aproveitamos tanto, quando crianças os sonhos nesta época são mas fáceis de serem conquistados; o Sonho da primeira bicicleta, do primeiro dente, do desejado videogame, sonhos que as vezes dependem apenas dos nossos pais para serem realizados, quando tudo isso passa a realidade passa a ser outra, e compreendemos que ao tornamos adultos os nossos sonhos dependem exclusivamente de nós mesmos para que eles se realizem.
Os sonhos também não têm fim, assim que realizamos um, logo após já queremos algo melhor, ou seja, já confeccionamos outro sonho, que a assim que se realizar será substituído por outro e assim consecutivamente. Mas será que os sonhos na acarretam uma certa ilusão para nossa vida? Será que eles apenas não nos iludem? Porque quando sonhamos por algo “impossível” somos obrigados a padecer por algo que jamais irá acontecer, embora quem disse que não podemos sonhar com o impossível, ou extravagante demais? Talvez precisássemos de um manual sobre a vida ao chegarmos ao mundo e que tivesse neste um guia do que se pode ou não sonhar, para que não cometamos o deslize de passar a vida toda à procura de algo que jamais será realidade.


No entanto como dizem, sonhar não paga imposto (talvez a única coisa aqui no Brasil né? rs). Então vamos sonhar e pelejar para conseguirmos realizar estes tão sonhados sonhos ou ao menos nós aproximar deles.





M.M